Filosofia
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Nº____ Série: 3ªA
O que é filosofia
Não se sabe
ao certo se a Filosofia tem mais ou menos 2600
ou 5000 anos de tradição. Se considerarmos a influência do pensamento egípcio
sobre os povos gregos, a
Filosofia pode ter mais de 3000 anos e, se considerarmos que já havia uma
produção de um tipo de pensamento filosófico no extremo
oriente, a raiz primeira da Filosofia que pode ser identificada nos
antigos ensinamentos budistas já passa dos 5.000 anos de
existência.
É fato que a
Filosofia é uma forma de pensamento organizado, conceitual e que
tem a capacidade de movimentar o próprio pensamento por meio da identificação e
da formulação de problemas, ou seja, a Filosofia é, por natureza, problematizadora, evitando
fornecer respostas prontas para as questões levantadas e criando novas
questões, novas perguntas e novos problemas que fazem com que o pensamento
nunca cesse seu ciclo de existência.
Não
importando, por ora, a sua origem certa, o importante é saber que não há uma
resposta única e definitiva para a pergunta “o que é filosofia?”. Diversos
filósofos, em diversos locais e épocas diferentes, responderam a essa pergunta,
não necessariamente de uma maneira explícita. Muitos o fizeram por meio da
prática (fazendo as suas filosofias), cada qual do seu modo.
Para os
gregos pré-socráticos, a
Filosofia era uma maneira racional de se investigar a origem do universo por
meio da formulação de teorias contrárias, muitas vezes, às afirmações dos
mitos. Para Sócrates, a Filosofia seria um olhar para dentro de si e
uma forma de extrair as ideias verdadeiras sobre aquilo que o próprio ser
humano desenvolveu mediante a criação das sociedades.
Para
os helenistas, a
Filosofia era uma espécie de prática de vida para alcançar a plenitude e
a felicidade. Para os medievais, a
Filosofia estaria submetida à Teologia, e a sabedoria
infinita de Deus teria dado ao ser humano a possibilidade do conhecimento
racional.
Já os modernos voltaram-se
para a questão do conhecimento e
da ciência, além da política e
da ética, desenvolvendo um pensamento que resgatava
certas características dos gregos, mas as aprimorava. Já na contemporaneidade, a
Filosofia abraçou novos problemas, característicos de nossa época, para
desenvolver novos problemas e novos conceitos sobre
eles.
Conceito de Filosofia
Não
é possível apresentar uma resposta pronta, definitiva e última para a pergunta
sobre a essência da Filosofia. O que apresentaremos aqui será uma tentativa
de resposta genérica, mas que não deixa de partir de determinados
pontos de vista que podem ser aplicados em determinadas circunstâncias.
A
Filosofia é um ramo do saber que
procura entender os conceitos ou as essências de tudo o que existe no mundo, criando,
assim, as definições conceituais. Os conceitos, que nascem daquelas definições,
são, por sua vez, significados complexos que movimentam problemáticas. Os problemas também
são processos pelos quais a Filosofia funciona.
Um
problema, uma pergunta, uma questão é um processo que visa a procurar uma
definição sobre algo. Perguntar “o que é?”, “como é?” ou “por que é?” é
formular um problema, e responder a essa pergunta é criar um conceito.
Portanto, perguntar o que é a Filosofia é
uma atitude filosófica.
Os
filósofos contemporâneos Gilles Deleuze e Félix Guattari, que escreveram um livro intitulado O que é a Filosofia?, afirmaram, como resposta, que “a filosofia, mais
rigorosamente, é a disciplina que consiste em criar conceitos”i, ou seja, é uma área do conhecimento que se dedica
a criar, moldar, formular e reformular significados para o mundo.
Trabalhando
com aquela oposição que os antigos gregos tentaram fazer entre mitologia e razão (que não representa uma ruptura
radical de uma com a outra), a Filosofia seria uma nova maneira de criar
significados para o mundo, afastando-se daquele modo religioso de pensar no próprio mundo. A Filosofia
seria, segundo os filósofos, um modo de criar mecanismos (que eles chamaram de
dispositivos) que fornecem uma primeira capacidade de entendimento do mundo.
Em
outro escrito, esse feito em companhia da jornalista Claire Parnet, Deleuze diz
que:
“os
conceitos são exatamente como sons, cores ou imagens, são intensidades que lhes
convêm ou não, que passam ou não passam”ii.
Assim,
os conceitos são criações que, tais como os objetos, têm uma existência definida e
marcada no mundo.
Marilena Chaui, professora emérita de Filosofia da USP, diz
que a atividade filosófica vem para colocar
em questão as nossas crenças costumeiras. Isso
significa que, assim como Sócrates pretendeu na antiguidade, a Filosofia é um
momento em que paramos e pensamos se aquilo que normalmente fazemos, cremos ou
vemos é verdadeiro.
Esse
momento, ápice do pensamento filosófico, é, Segundo Chauiiii,
um momento de crise, em que as nossas crenças costumeiras, sempre tidas como
verdadeiras, são questionadas, são colocadas em suspensão pela dúvida.
O que a Filosofia estuda?
Hoje,
sobretudo no Brasil, vários cursos superiores de Filosofia oferecem uma
formação voltada, em geral, para a história
da Filosofia, ou seja, os filósofos e
professores de Filosofia em formação estudam a produção dos pensadores já consagrados como
cânones da intelectualidade mundial.
Essa
concepção entra em choque com a concepção de vários estudiosos do ensino de
Filosofia e da metodologia filosófica que afirmam que somente se aprende a
filosofar filosofandoiv.
Nesse sentido, podemos distinguir duas
variantes do estudo filosófico: uma voltada
para a História da Filosofia, que se dedica a analisar a produção canônica
do pensamento filosófico mundial, e uma outra que visa ao aprendizado das metodologias filosóficas, o
qual não prescinde do entendimento da História da Filosofia.
Em
suma, podemos dizer que a Filosofia, para pegar uma referência em Deleuze, é
um estudo dos conceitos. Já para Kant, a Filosofia é uma maneira de se estabelecer
uma crítica do conhecimento. Para filósofos antigos, como Sócrates, e modernos, como Descartes, o
saber filosófico deve ser feito por meio de uma busca, muitas
vezes rigorosa, pelas definições puras e imutáveis que buscam por uma verdade universal.
Ao
passo que para Nietzsche, filósofo contemporâneo, não existem verdades universais, mas existem perspectivas e genealogias que moldam o que chamamos de verdade. Para os pensadores que se dedicaram a estudar
a teoria do conhecimento, a Filosofia deve buscar entender como é possível o entendimento.
Já
para os metafísicos, a Filosofia seria a busca pelo “ser”
e pelas “essências” das coisas. Para a Filosofia Política, o pensamento
filosófico deve abordar questões do mundo real que dizem respeito à política, à
ética e à vida em sociedade.
Então, como foi dito, é impossível
apresentar uma resposta pronta e definitiva sobre o que é filosofia. Nesse
ponto, acrescentamos também que o campo de atuação dos filósofos é vasto, não
havendo uma única atividade que não possa ser considerada como atividade
filosófica.
Origens da Filosofia
Não há um
consenso último e final sobre a origem da Filosofia. O que a maioria dos
historiadores da Filosofia afirma é que essa origem estaria
na Grécia, com Tales de Mileto, por volta
do ano 2585 a.C. Porém, mesmo que essa afirmação tenha suas razões de existir
(a Filosofia grega pode não ter sido a primeira produção filosófica, mas ela
foi diferente de tudo o que veio antes dela), ela não contempla o fato de
que egípcios, hindus e chineses já
haviam produzido algo semelhante ao que chamamos de Filosofia.
Se
ampliarmos o conceito para além do que costumeiramente entendemos por
Filosofia, podemos dizer que os preceitos budistas e taoistas já
haviam formado um pensamento filosófico. Desta feita, pensadores que habitavam
o extremo oriente, anteriores ou contemporâneos aos primeiros filósofos,
como Mozi e Lao-Tsé, deixaram
registros do que parece ser uma produção filosófica tão autêntica quanto a
produção ocidental.
Marilena
Chaui atesta essa tese, dizendo que não é absurdo pensarmos nessa relação e,
por justiça, reconhecermos traços que influenciaram os gregos a fazer o que
fizeram há mais de 2600 anosv.
Escultura de Confúcio, sábio chinês do século VI a.C. que formulou doutrinas filosóficas e morais.
Vale
ressaltar que a afirmação de que a Filosofia tem suas origens na Grécia pode
ser adotada, desde que com ressalvas. Primeiro, deve-se considerar que houve
uma produção filosófica oriental e que
essa produção influenciou gregos como Tales (que conheceu a cultura babilônica
e egípcia). Em segundo lugar, deve-se considerar não que há uma exclusividade
grega, mas que houve um modo diferente, por parte dos gregos, em tratar a
Filosofia em questão.
Portanto,
podemos dizer que a Filosofia ocidental teve
sua origem na Grécia, com Tales. Já o
termo foi desenvolvido mais tarde, por Pitágoras de Samos, que
escolheu as palavras gregas philia (amor ou
amizade) e sophia (sabedoria) para formar a palavra philosophia (amigo ou
amante da sabedoria). Tales não reconheceu que ele estava fazendo algo inédito
no Ocidente e que seu nome ficaria para a história. Foi somente Aristóteles, por volta
de 200 anos depois, que o classificou como o primeiro filósofo.
Para que serve a Filosofia?
Pergunta de
difícil resposta. Podemos dizer, em primeira mão, que a Filosofia não tem
utilidade. Parece estranha essa afirmação? A princípio, sim. Se levarmos em
conta que o termo utilidade, em nosso vocabulário contemporâneo, diz respeito a
algo que modifica o meio, que cria algo concreto e que, em primeiro lugar, tem
um valor monetário, então, sim, a Filosofia não tem utilidade.
A Filosofia,
segundo Chaui, não apresenta resultados concretos, visíveis e
capazes de alterar o mundo de imediato. Por isso, a pergunta “para que serve a
Filosofia?” é constante, já que sua utilidade é percebida aos poucos e por meio
de um exercício complexo de abstração.
Chaui também
afirma uma primeira resposta, irônica assim como a pergunta quando feita por
pessoas mal-intencionadas: “a filosofia é uma ciência com a qual e sem a qual o
mundo permanece tal e qualvi”,
ou seja, a Filosofia é inútil.
Em certo
sentido, ou seja, partindo do ponto de vista pragmático de utilidade, que
afirma ser útil aquilo que modifica o meio com uma intervenção concreta,
a Filosofia não serve para nada. Também
podemos afirmar que a Filosofia não serve a nada, não serve a ninguém, porque a
Filosofia, desde a sua origem, busca problematizar e questionar. Nesse
sentido, lenta e laboriosamente, a Filosofia vai mostrando a sua utilidade: colocar
o pensamento em movimento, questionar e, por que não, incomodar.
Questões:
11- Como surgiu a filosofia ?
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22 - Para que serve a filosofia ?
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33 - Disserte em 8 linhas sobre filosofia
na Grécia antiga.
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