Bioética
A Bioética é uma área
de estudo interdisciplinar que envolve a Ética e a Biologia, fundamentando os
princípios éticos que regem a vida quando essa é colocada em risco pela
Medicina ou pelas ciências. A palavra Bioética é uma
junção dos radicais “bio”, que advém do grego bios e
significa vida no sentido animal e fisiológico do termo (ou seja, bio é a vida
pulsante dos animais, aquela que nos mantém vivos enquanto corpos), e ethos, que diz
respeito à conduta moral.
Trata-se de um ramo de estudo interdisciplinar que
utiliza o conceito de vida da Biologia, o Direito e
os campos da investigação ética para
problematizar questões relacionadas à conduta dos seres
humanos em relação a outros seres humanos e a outras formas de vida.
Origem
A Bioética surgiu na segunda metade do século XX,
devido ao grande desenvolvimento da Medicina e das ciências, que avançaram cada
vez mais para a modificação da vida humana e a promoção do conforto humano, bem
como para a utilização de cobaias vivas (humanas e não humanas). A fim de evitar
horrores, como os que foram vividos dentro dos campos de
concentração nazistas e de técnicas
médicas que ferissem os princípios vitais das pessoas, surgiu a Bioética como
meio de problematizar o que está oculto na pesquisa
científica ou na técnica
médica quando elas
envolvem a vida. Autores
Hoje, alguns
autores são referências para os estudos de Bioética no mundo. Entre eles, estão
o filósofo Tom L. Beauchamp, professor da Georgetown University, e o
filósofo e teólogo James F. Childress, professor de Ética da Universidade de
Virgínia. Juntos, esses dois destacados estudiosos da Bioética escreveram o
livro Princípios
de Ética Biomédica, que contém a formulação dos princípios bioéticos básicos,
inspirados em grandes sistemas éticos de filósofos considerados cânones do
conhecimento ocidental, como Kant e Mill.
Outro autor de igual importância é Peter Singer, filósofo
australiano e professor da Universidade de Princeton desde 1999. Dentre suas
obras, podemos destacar Ética prática, que problematiza questões referentes à Ética
enquanto área de estudo capaz de interferir na vida cotidiana das pessoas,
analisando questões polêmicas, como o aborto e a eutanásia; e Libertação
animal, que funda a teoria dos direitos dos animais.
Importância
A
importância social da Bioética centra-se, justamente, no fato de que ela
procura evitar que a vida seja afetada ou que alguns tipos de
vida sejam considerados inferiores a outros. A
Bioética discute, por exemplo, a utilização de células-tronco embrionárias
em suas mais diversas problemáticas, passando pela necessidade de abortar-se
uma gestação para retirar tais células e pelos benefícios que os tratamentos
obtidos por esse recurso podem promover para as pessoas.
Também é tratado por estudiosos de
Bioética o respeito aos limites que devemos ter ao lidar com animais, seja para
o cuidado ou a alimentação, seja para a utilização comercial deles, pois são
seres vivos dotados de sentidos e capazes de sofrer.
Princípios da Bioética
Em Princípios de Ética Biomédica, Beauchamps e Childress estabelecem quatro
princípios básicos que devem nortear o trabalho bioético tanto para as ciências
que utilizam cobaias quanto para as técnicas biomédicas e médicas que lidam
diretamente com a vida. Esses princípios estão ligados a teorias éticas
conhecidas e ganham um novo contorno em suas formulações voltadas para a vida
animal.
1. Princípio da não maleficência: consiste na proibição, por princípio, de causar
qualquer dano intencional ao paciente (ou à cobaia de testes científicos). A
sua mais antiga formulação pode ser encontrada no Juramento de Hipócrates, e,
no século XX, ele foi estabelecido como princípio bioético pelos estudiosos Dan
Clouser e Bernanrd Gert.
2. Princípio da beneficência: pode ter seu gérmen encontrado no juramento
hipocrático, em que se é afirmado que o médico deve visar ao benefício do
paciente. Beauchamp e Childress vão além, estabelecendo que tanto médicos
quanto cientistas que utilizem cobaias devem basear-se no princípio da
utilidade (o utilitarismo de Mill e Bentham), visando a
provocar o maior benefício para o maior número possível de pessoas.
2. Princípio da justiça: baseado na teoria da justiça, de John Rawls, esse princípio visa a criar um mecanismo regulador da relação entre paciente e médico, a qual não deve ficar submetida mais apenas à autoridade médica. Tal autoridade, que é conferida ao profissional devido ao seu conhecimento e pelo juramento de conduta ética e profissional, deve submeter-se à justiça, que agirá em caso de conflito de interesses ou de dano ao paciente.
Faça um texto no caderno dissertativo
sobre o texto acima.
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