Mesmo assim, a Mata Atlântica sofre a pressão do crescente aumento das cidades e da poluição que põem em risco as tentativas de preservá-la.
No último levantamento realizado pelo INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) em parceria com a Oong SOS Mata Atlântica, que abrangeu 60% do bioma, foi constatado que, mesmo com a diminuição de 71% no ritmo de desflorestamento, as áreas degradadas somam 95.066 hectares. Destes, 73.561 estão concentrados em Santa Catarina e Paraná trazendo diversos problemas não só ao meio ambiente, mas, também ao homem. Vale lembrar que o desmatamento é uma das principais causas da desertificação (processo de transformação de terras férteis em terras inférteis) que vem afetando seriamente o sul do país.
Entretanto, apesar dos dados, a história nos mostra que é possível recuperar o que perdemos. Em 1862, ao passar uma grave crise de escassez hídrica, o Governo Imperial iniciou a recuperação da área de Mata Atlântica que havia sido degradada pelos cerca de 160 engenhos e lavouras de café que existiam na região da cidade do Rio de Janeiro. Através do replantio de árvores típicas foi recuperado o que hoje é a Floresta da Tijuca. A maior floresta urbana do mundo com 3.300 hectares.
Mapeamento mostra que tem mais Mata Atlântica em SP que se pensava
Uma nova metodologia que reduz a área mínima de indentificação para análise das imagens captadas via satélite revela que o estado de São Paulo tem 22,9% (cerca de 3,9 milhões de hectares) de sua Mata Atlântica original. A análise anterior considerava que o índice era de 16,2% (2,7 milhões de hectares).
O mapeamento feito pela Fundação SOS Mata Atlântica e o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e será apresentado para a Secretaria do Meio Ambiente do governo de São Paulo.
A diferença no índice foi possível por uma mudança de 3 hectares para 1 hectare como área mínima de identificação. Com a nova metodologia é possível considerar também áreas com vegetação de porte florestal que tenham sinais de alteração ou que ainda estejam em estágios iniciais de regeneração.
Mapa mais recente (acima) revela áreas em verde claro de Mata Atlântica (Foto: Divulgação/SOS Mata Atlântica)
Os mapas acima mostram a diferença. No mapa mais ao alto, o com a nova metodologia, é possível perceber no mapa com análise de 1 hectare áreas em verde claro adjacentes às áreas de floresta (verde escuro), principalmente no Vale do Ribeira e na Serra da Mantiqueira. Já na versão anterior, o mapa mais embaixo, de 3 hectares, mostrava apenas as áreas mais densas (verde escuro).
A metodologia do mapeamento detalhado identifica áreas de vegetação natural principalmente nas bordas de rios e represas. O mapeamento detalhado mapeia outros fragmentos em menor estado de conservação e identifica áreas de várzea com vegetação natural.
"No início a gente mapeava áreas de 40 hectares", explica Marcia Hirota, diretora executiva da SOS Mata Atlântica. "Ao longo dos anos estamos aprimorando cada vez mais. Hoje temos trabalho no Brasil todo de monitoramento das áreas acima de um hectare. No caso de São Paulo faz muito diferença. O desmatamento do que ainda sobrou a floresta é um desmatamento pequeno. São Paulo nos três últimos anos reduziu o desmatamento porque já não tem mais grandes desmatamentos."
Hirota explica que com este mapeamento é possível acompanhar a evolução disso e aumentar a floresta em áreas que ainda estão preservadas. Assim, este mapeamento pode ser usado para o planejamento de ações de proteção da água que abastece rios e represas, criação de corredores ecológicos e recuperação da vegetação nativa. "Com imagens mais precisas, é possível observar fragmentos menores de floresta que garantem a proteção das nascentes e do fluxo hídrico, fundamentais em um cenário de escassez de água que ainda enfrentamos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário